O desenvolvimento do bebé depende dos estímulos e cuidados que os pais têm. Entretanto, muitas vezes, de forma inconsciente, tomamos decisões que prejudicam o desenvolvimento musculoesquelético da criança, que terá consequências para toda a vida. Quanto mais cedo o diagnóstico e o tratamento melhor seguirá o crescimento e mais positivos serão os resultados.
A forma como nascem, como são alimentados e os restantes hábitos de vida de cada família promovem adaptações e compensações de cada pessoa.
Veja a descrição de algumas situações comuns na nossa sociedade durante o desenvolvimento do bebé:
1. Nascimento
A forma como o bebé nasce, a rotação feita para passar no canal do parto ou até na cesariana tem uma rotação no sentido dos ponteiros do relógio, como tal é frequente o pescoço estar mais inclinado para o lado esquerdo.
2. Amamentação/alimentação artificial / chupeta
Nos primeiros 6 meses de vida e de desenvolvimento do bebé, a forma como alimentamos o bebé, desde a posição ao estímulo muscular da boca irá promover o fortalecimento ou não dos músculos do pescoço, da face e da boca. A força dos músculos faz o crescimento dos ossos. Se essas forças musculares forem as adequadas o crescimento será o ideal, quando não é teremos arcadas dentárias pequenas, problemas respiratórios e falta de força para segurar a cabeça e até sentar.
3. Alimentação complementar
A forma como oferecemos a comida aos bebés é tão importante para a nutrição como para o desenvolvimento da postura. Após os 6 meses de idade o referido fortalecimento dos músculos do pescoço, da língua e vai sendo cada vez mais importante. Por isso destaco a variedade de alimentos e texturas, o ambiente calmo e a promoção do reforço muscular.
4. Postura/Marcha
As etapas de desenvolvimento são cruciais para a formação dos ossos e para o fortalecimento dos músculos. Impulsionar os bebés a saltar etapas como o gatinhar ou o sentar oferecendo meios que permitam a posição vertical é tão grave como não ajustar os cintos de segurança das cadeiras. Provocam mais tarde alterações do pé, da coluna e claro da posição da cabeça no tronco.
5. Respiração e Imunidade
Quando não há força suficiente nos músculos o bebé terá flacidez e facilita a respiração oral. Sendo assim um problema crescente. Respiração, imunidade, alimentação e postura ficarão afetadas até ao diagnóstico verdadeiro e correção dos problemas.
Quando respiramos pela boca as defesas do nosso corpo caiem por vários motivos, além das olheiras, das alterações do sono juntam-se alterações químicas e hormonais. Os respiradores orais ficam com sensibilidade na pele, dentes, concentração, ansiedade e tantos outros.
É assustador, mas verdadeiro!
Tudo isto parece assustador, ou na realidade é tão assustador quanto é verdadeiro. E por isso quero alertar para todas as correções, compensações e adaptações que podemos iniciar hoje e serão tão benéficas para o futuro. Vou usar esta frase que adoro e me acompanha: se queres ir rápido vai sozinho, se queres chegar longe vai com companhia.
No meu trabalho, ao longo destas 2 décadas aprendi muito e mais entendi a multidisciplinaridade como crucial para o o bem dos meus pacientes. Hoje trabalho com Ortopedistas, Pediatras, Terapeutas da Fala, Osteopatas, Fisioterapeutas, Médicos de Família e tantos outros colegas profissionais de saúde e Educadores/Professores.
Mas quais as relações de tudo o que vos falei?
Ora bem, os músculos desenvolvem-se e ganham força inicialmente pelas cadeias musculares descendentes (início na boca).
A amamentação é a única forma natural que permite o desenvolvimento dos músculos e ossos da face nos primeiros 6 meses de vida. Quando o bebé apenas consegue mamar numa posição poderá ter um torcicolo, alterações deste tipo devem ser corrigidas e melhoram o sono, a amamentação é claro a postura. A Osteopatia e a fisioterapia além da terapia da fala e das promotoras da amamentação são fundamentais na resolução dos problemas nos primeiros 6 meses da vida do bebé.
Essas forças musculares seguem da boca para o pescoço e o bebé terá melhor capacidade para segurar a cabeça.
Dentro da boca temos a língua um grupo muscular poderosíssimo. Portanto, quando a língua toma uma posição baixa (chupeta/alimentação artificial/ freio lingual curto/ respiração oral) as arcadas dentárias deixam de crescer como o previsto e ganham uma forma que não permite o crescimento alinhado e nivelado dos dentes (de leite e definitivos). Este desenvolvimento muscular segue deficitário e aos 4 anos de idade é claramente visível pelos profissionais de saúde experientes que a face ainda não atingiu os 60% de crescimento esperados, a respiração está alterada, a alimentação comprometida, as funções musculares condicionadas e a postura alterada.
Consulta de Ortopedia Funcional dos Maxilares
A consulta de Ortopedia Funcional dos Maxilares (Medicina Dentária) irá promover o crescimento adequado em cada fase do crescimento do bebé ou da criança adaptando o plano de tratamento a cada idade desde o nascimento. Sabendo portanto, que a face deve atingir 80% do crescimento durante o desenvolvimento do bebé, aos 6 anos de idade, tudo o que for possível fazer antecipadamente evita alterações da erupção dentária que tanto assusta os pais.
Um dia ao escovar os dentes a mãe percebe que tem 2 dentes rompendo por trás dos dentinhos de leite e que estes não abanam nada. Mas quem nunca passou por isto?
Por fim, vem a consulta de avaliação e o diagnóstico e a espera. Para promover este desenvolvimento é fundamental o cuidado na alimentação. Não vou falar de coisas comuns mas de postura e opções alimentares. A mastigação deve ser vigorosa e para que a criança tenha força suficiente nos músculos da boca os pés devem estar bem apoiados, falamos assim das cadeias ascendentes.
Este tema é extenso e profundo. Se ainda tens dúvidas, eu posso ajudar! É só clicar aqui.