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Evolução da prevenção na saúde oral ao longo dos anos.

Ao longo destes 20 anos a ver as bocas dos meus pacientes, aprendi muito e estudei sempre mais para responder às questões que me surgem todos os dias. Em Portugal, antes deste milénio, os conceitos dos profissionais estavam muito longe dos desejos dos pacientes, portanto, houve muita evolução da prevenção na saúde oral.

Na década de 90, na clínica, o foco eram as cáries dentárias, a preservação dos dentes e em alguns casos o alinhamento dentário.

O alinhamento passava distante de muitos pacientes que o consideravam uma vaidade, um luxo ou até um objectivo impossível ou excessivamente caro.

Na passagem do milénio, notámos uma valorização da saúde oral, maioritariamente por questões estéticas, ou para evitar a dor e algumas vezes, já se ouvia falar de prevenção. Até então acreditava-se que a prevenção, o diagnóstico e o controlo necessários eram feitos na consulta de pediatria ou medicina geral e familiar.

Com o crescimento da internet e a mobilidade das populações, os pacientes tiveram acesso a mais informação e a prevenção como a Organização Mundial de Saúde preconiza chegou a Portugal.

Entende, com a evolução da prevenção na saúde oral, em muitos países, que prevenção se trata apenas de escovar os dentes, ou a pasta de dentes, ou a alimentação noturna, devendo iniciar-se muito antes, desde a gestação.

Prevenção desde a gestação

A prevenção deve começar na gravidez e seguir antes que esteja instalada alguma má condição muscular ou esquelética/ossos.

A primeira consulta de medicina dentária deve ser no 1.º ano de vida. Transcrevo o que nos dizem na página da Ordem dos Médicos Dentistas:

“A primeira consulta deve ser realizada quando os primeiros dentes temporários (ou «de leite») erupcionam ou, no máximo, até à criança completar o primeiro ano de vida, de modo a estabelecer um programa preventivo de saúde oral e interceptar hábitos que possam ser prejudiciais. Idealmente, quando existe uma boa saúde oral, a criança deve ser observada cada seis meses. Em situações de elevado risco de cárie, esta periodicidade deve ser reduzida para intervalos de três meses.”

Contudo, já sabemos que o período intra-uterino é fundamental para o desenvolvimento do bebé e que a Mãe enquanto grávida deve ter algumas precauções e conhecimentos para o desenvolvimento da criança.

Já conhecida pela comunidade internacional médica de obstetrícia e dentária, desde a década de 90, a relação entre as doenças da boca e os partos prematuros com crianças de baixo peso, esta informação tardou a chegar à população que se guiava pelos mitos que impediam a grávida de consultar um dentista.

Outras questões devem ser abordadas durante a gestação, como cuidados alimentares da grávida, respiração, higiene oral e cuidados pós-parto para com a Mãe e relativos ao bebé.

Ortopedia x Ortodontia

Ao falamos de prevenção nobre de má oclusão temos de compreender os significados:

Prevenção: 1. ato ou efeito de prevenir 2. aviso prévio 3. medida ou conjunto de medidas adotadas com antecedência para impedir o surgimento ou minorar os efeitos de algo nefasto ou que se receia; o que se faz para evitar perigo, dano, prejuízo, etc. 4. cautela; precaução.

Por sua vez, oclusão em medicina significa o contacto equilibrado e centrado dos dentes superiores com os inferiores, quando os maxilares se aproximam ou durante a mastigação; mordida.

Quando a ortodontia clássica fala de ortopedia interceptiva, já compreende algum hábito que deve ser impedido. Com os estudos comprovados, sabemos que a Ortopedia Funcional dos Maxilares condiciona os hábitos, promove o equilíbrio e restabelece as funções adequadas.

A grande diferença é, assim, a consequência da Ortopedia Funcional dos Maxilares – os dentes alinhados, saudáveis e brilhantes. O foco da OFM são os pacientes, a postura, a fala, a respiração, a alimentação, a articulação temporo-mandibular (ATM) e o sono. Na ortodontia o foco são os dentes e a oclusão.

Complementares como tantas outras áreas, não devem ser vistas como concorrentes ou em competição. Sabemos que existem tratamentos multidisciplinares para o beneficio do paciente e que a ortodontia privilegia a abordagem aos 12 anos de idade. Existem, inclusivamente, alguns tratamentos pré-tratamento ortodôntico que incluem expansão da arcada dentária ou algum condicionamento dos maxilares.

Na ortopedia funcional dos maxilares, a abordagem terá diversas fases. Podemos definir 5 abordagens de tratamento:

  1. Até aos 2 anos de idade, onde os Pais são fundamentais e o tratamento passa por terapias e hábitos: a compressão de pontos nas arcadas dentárias, as escolhas alimentares, a mastigação e toda a adequação miofuncional com a terapeuta da fala;

  2. Entre o 2 e os 5 anos de idade, a fase de crescimento do paciente é maravilhosa, permitindo: a adaptação de pistas diretas antes da erupção dos dentes definitivos e até a colocação de aparatologia removível. Dado o conforto que o aparelho tem, embora não o aparente, a maioria das crianças tem uma rápida adaptação;

  3. Entre os 5 e os 12 anos, fase a velocidade de crescimento começa a abrandar: é aquela fase em que o paciente pode usar o aparelho sabendo que 90% da face estará completa aos aos anos;

  4. Entre os 9 anos e os 90 anos de idade, é realmente incrível a capacidade de regeneração e os tecidos ósseos e adjacentes podem regenerar ao longo de toda a nossa vida;

  5. Após o tratamento ortodôntico, para reduzir a recidiva e resolver problemas miofuncionais.

Por hoje ser cada vez mais acessível a informação, o encaminhamento do paciente tornou-se uma prática comum. É preciso valorizá-la e compreender que, desta forma, o paciente é acompanhado por especialista experientes em cada área, sem desvalorização para os restantes.

Os resultados são mais rápidos, eficazes e efectivos. Tratamentos que muitos pacientes acreditavam impossíveis, são nestes dias possíveis e relativamente fáceis na sua execução, rápidos e melhoram em muito a qualidade de vida, graças à evolução da prevenção na saúde oral.

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